Bretão

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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A urbanização e a Síndrome de Bambi

Já há um bom tempo atrás, li um trabalho feito por um professor do Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e pelo museólogo da Fundación Vida Silvestre Argentina que tratava sobre estratégias para o uso sustentado da fauna.

Em um determinado ponto do trabalho eles discorriam sobre a urbanização da humanidade e suas conseqüências. Entre as várias conseqüências da urbanização do homem, está seu distanciamento em relação à natureza e uma de suas manifestações é a relação do homem urbano com a fauna silvestre.

Não é de hoje que são produzidos desenhos animados onde animais recebem características humanas para tocar a quem assiste. Essa humanização trás a chamada Sindrome de Bambi que, entre outras características transfere sentimentos humanos aos animais.
Os portadores dessa síndrome confundem-se e até mesmo se sincretizam com uma temática séria e importante: a dos direitos dos animais. Em outras palavras, passam a ver os animais como verdadeiros seres humanos dóceis e gentis e como tais devem ser tratados. O que é pior, acham que todos os animais são de estimação e domesticados. Na verdade, toda a exploração econômica de recursos naturais não é mal vista pelos portadores da síndrome, afinal muitos deles consomem carne regularmente, gostam muito da proteína de um ovo e apreciam muitíssimo um caldo de galinha quentinho no inverno, além de consumidores refinados de carnes exóticas em restaurantes, como por exemplo javalis, avestruzes e outros. Afinal, os animais criados para abate não sofrem nadinha antes de chegar no prato.

E é nessa dualidade dos portadores da síndrome que esbarram os cinegetas pois não se consegue demonstrar que um javali abatido em um local onde ele causa danos às plantações é muito diferente do javali abatido em cativeiro para servir de repasto em banquetes.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Economia de caça II

Como já comentado aqui neste blog em outras oportunidades, existem vários outros países que sabem ganhar dinheiro com todos e quaisquer eventos relacionados à caça. É claro que o Brasil não atenta para isso e prefere fazer piadas apontando deficiências questionáveis ou situações cômicas em outros países como por exemplo Portugal, que é o alvo predileto das piadas, rivalizando com a Argentina. Porém enquanto rimos deles, suas ações fazem crescer os lucros advindos de atividades cinegéticas.

Porém nem todos pensam assim. E explorando um filão que movimenta milhões de dólares, uma empresa brasileira decidiu investir no mercado internacional e trazer para o país uma fatia desse movimento todo.

É uma empresa de Caxias do Sul que desenvolve e comercializa produtos com temática de caça. Nas palavras da própria empresa, produtos desenvolvidos por pessoas que tem como paixão este estilo de vida, resultando em peças exclusivas, com estampas criativas e produtos de primeira qualidade. A empresa iniciou no segmento produzindo camisetas, blusões e moletons e já com seu primeiro lote produzido participou da 19ª Feira Internacional de Caça, Pesca, Tiro Desportivo, Cutelaria, Colecionismo e Esportes ao Ar Livre.


A Feira aconteceu no período de 21 a 29 de agosto em Buenos Aires – Argentina. Em sua edição passada no ano de 2009, contou com 108 expositores e recebeu a visita de mais de 18.000 pessoas. Esse ano os organizadores ainda não forneceram os dados mas estima-se que o número de expositores e visitantes aumentou em relação ao ano passado. A Feira apresentou uma ampla gama de produtos como armas para caça, tiro desportivo e de coleção, acessórios para caça, pesca e arqueria, artigos para camping, equipamentos de comunicação, indumentária, calçados e todo o mais necessário para atividades ao ar livre.

A empresa conseguiu boas vendas e bons contatos, além da possibilidade de ter um representante exclusivo para a Argentina com direito a divulgação da marca e exposição na mídia, entre outras ações.

Parabéns à empresa pela iniciativa e esperamos o lançamento de novos produtos. Segue o link da feira:
http://www.feriacazaypesca.com.ar/armas/index.php

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Economia de caça

Um dos grandes desafios a serem enfrentados pela humanidade é conseguir criar e gerir recursos para tornar possível o crescimento mundial de forma sustentável. Os países do continente europeu, sabidamente mais desenvolvidos que o nosso há muito nos dão exemplos de conservacionismo e sustentabilidade aliados ao crescimento econômico.
Dias atrás recebi um e-mail do Sr. João Artur dos Santos Lemos, representante da Federação Portuguesa de Caça, contando-me sobre um evento que ele participou em abril na Espanha, mais precisamente na região da Galicia. Foi o XVIII Congresso Internacional de Periódicos Especializados em CAÇA, PESCA, MEIO AMBIENTE e TURISMO. O e-mail recebido serviu muito bem para mostrar o quanto estamos atrasados em relação aos nossos colonizadores. Imaginem então como estamos em relação ao resto da europa.

O sr. João Artur conta que esse foi um evento direcionado para profissionais de imprensa especializada e para alguns convidados ligados à federações de caça européias mas foi muito esclarecedor em vários aspectos. Nas diversas Jornadas Técnicas do congresso, as temáticas abordadas nas diversas conferências tiveram como bases a responsabilidade por danos causados pelas espécies cinegéticas, o Turismo na Galicia interior, estratégia da Truta, a Caça, o Caçador e o Campo, a importância da Caça na cozinha, a Caça no mundo da vivência, os Cães e as raças autóctones.
Informou também que o Presidente da Federação Galega de Caça, Sr. José M. Gómez Cortón, apresentou um estudo ao qual os países deveria tirar lições, onde ele constatou que existem 55.000 Caçadores em toda a Galicia, sendo que 98% são associados, 72% vivem em âmbito Rural, 25% tem Habitação no Mundo Rural, 90% de Caçadores e Familiares estão de acordo com a prática da Caça, e o mais relevante, beira a 96 MILHÕES de Euros o valor que só a Caça gera na Galicia.
Destacou também a importância da Congressista Lola Merino Chacón, Presidente Nacional da Federação de Mulheres e Famílias da Âmbito Rural – ANFAR, que representa cerca de 50 MIL MULHERES ligadas ao setor do Campo e da Caça. Esta Congressista sublinhou a importância econômica, social e turística que a Caça representa em toda a província de Castilla de La Mancha. Só por curiosidade, a Espanha vendeu no ano de 2009, cerca 21 MILHÕES de Kg de produtos oriundos da Caça. Esta congressista abordou a importância do setor da Caça no âmbito feminino, pela polivalência que esta disponibiliza, como na agricultura, o turismo rural, o artesanato, a restauração o aluguel de Fincas (Cotos/Fazendas de Caça) entre muitos outros aqui não sublinhados.
Após ler o e-mail do sr. João Artur, fiquei aqui pensando...se em um país do tamanho da Espanha, uma única região gera quase cem milhões de euros com recursos provenientes da caça, o que estamos fazendo aqui que não aproveitamos o exemplo mundial e começamos a ganhar dinheiro?
Fica fácil observar também que se o conservacionismo não andasse junto da caça, há muitos anos que esses recursos teriam deixado de existir, afinal ninguém quer matar a galinha dos ovos de ouro. Como sabemos, se o gado não tivesse valor comercial, já teria se extinguido há muito tempo.
Como me impressionei bastante com esses números, fui à caça (viram a expressão?) de mais informações sobre o assunto e procurando dados em países bem díspares e encontrei o seguinte:

Itália -
     Os dados elaborados por Proter Censis (2002), dão-nos os seguintes valores no mercado nacional:

          
           - armas de caça: 258 milhões de liras (exportam 65%)
           -7.901 empregados

           - munições: 183 milhões de liras(das quais exportam 2,45%)
           - 7.000 empregados

           - acessórios e vestuário: 100 milhões de liras
           - 5.000 empregados

           - imprensa cinegética: 19 milhões de liras
           - 6.000 empregados

           - Armeiros: 409 milhões de liras
           - 6.300 empregados

Neste período, na Itália a caça representava trabalho e emprego a mais de 33.000 pessoas e estava no centro de uma série de atividades que alcançavam um volume de negócios superior a um bilhão de liras.



Hungria -
       Em 2003, o valor total da produção cinegética alcançou 24,4 milhões de dólares e os lucros ascenderam a dois milhões de dólares. Do total da produção, temos o seguinte:

           - 34%, correspondeu a caçadores estrangeiros
           - 23% para venda de peças mortas e vivas, respectivamente.
           - Quantidade de caçadores estrangeiros: 16.000
           - Áreas de caça: 82,6% de todos os terrenos aptos para a caça estão arrendados por grupos de caçadores integrados na Associação Nacional de Caçadores da Hungria.
 
 
Polônia -
       A economia cinegética na Polônia é administrada pela Organização Popular (Associação Polonesa de Caçadores).

As épocas de Caça são fixadas pelo Ministério da Indústria Florestal e Madeireira, e o Regulamento de Caça, pela Associação de Caçadores da Polônia. O faturamento da economia de caça em 2003 ficou próximo de 45 milhões de dólares.Os caçadores abatem cada ano, aproximadamente:

              - 1.000 alces
              - 30.000 veados
              - 100.000 corças
              - 100.000 javalis

A carne dos animais é totalmente aproveitada e como passa por controles sanitários, é vendida em açougues autorizados.
Durante os últimos anos foi autorizado o abate excessivo de ungulados, originado pelos danos causados na agricultura pelas espécies cinegéticas. O Estado e a Associação de Caçadores da Polônia pagam, por isso, as indenizações correspondentes.
A economia cinegética é uma disciplina que se estuda nas Escolas Superiores de Agronomia da Polônia.

E no Brasil?

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Breves contos e causos de caçadas

Na tradição oral gauchesca, após o jantar, se organizavam os “causos” nos galpões, onde reunidos em volta do fogo de chão, a chaleira de água esquenta para o chimarrão acolhedor. Formada a roda, o contador de histórias, geralmente um visitante, narra ao reduzido auditório, um causo (um conto) considerado interessante. Todavia, a sua narrativa está sujeita as certas circunstâncias que impõem a história, sua brevidade: a limitação da memória do contador, o pouco tempo que dispõe e a simplicidade da roda. Como aqui o assunto é caça e caçadas, vou abrir espaço para contos e causos que em muitos casos, é como se diz “uma lenda verídica”.


Segue o início...

Eram três amigos com a antiga profissão em comum, além do gosto pela caça. Ex-militares, traziam a disciplina da caserna no seu dia-a-dia e até que não se viam muito durante o ano, a não ser quando se aproximava a temporada das perdizes. Aí sim, as reuniões se sucediam para organizar as incursões à fronteira e várias viagens empreendiam junto. O mais fominha era o italiano do grupo, proprietário da Kombi que invariavelmente os levava. Havia o “esquentado”, sempre acompanhado de seu fiel 38 à cintura e o missioneiro do semblante sério.

Viveram várias aventuras nos idos dos anos 60 e 70 e muitas perdizes e pombas saboreamos das generosas cotas daquela época. Vou contar algumas histórias por eles vividas e assim homenageá-los com o registro de suas memórias. A primeira delas que contarei é a história épica do padre caçador.

Antigamente era comum os caçadores viajarem aos campos da fronteira e sem lugar certo para caçar, baterem à porta das fazendas e solicitarem permissão aos proprietários e capatazes para caçar. A maioria das vezes eram bem recebidos e acolhidos, pois era uma maneira de os fazendeiros terem um pouco de convívio social. O Rio Grande do Sul sempre foi hospitaleiro e acolhedor, mas eram outros tempos. Porém alguns fazendeiros não permitiam a caça em suas terras, quer seja por desconfiança em receber estranhos ou porque já haviam cedido o campo a outros caçadores, como se fosse uma reserva.

De uma feita, o italiano e o missioneiro chegaram a uma fazenda nos campos de São Gabriel e desce da Kombi somente o italiano para solicitar caçada nos campos:

- Bom dia senhor!

- Bom dia!

- Desculpe chegar assim de repente mesmo o senhor não me conhecendo, mas venho da região da serra e gostaria de saber se o senhor permite que se cacem algumas perdizes em sua fazenda.

- O amigo vai me desculpar, mas todos os anos alguns caçadores também da serra tem vindo aqui caçar e como já criamos um vínculo, normalmente somente a eles é que dou permissão de caça.

-Não há problema senhor, ainda é cedo e podemos seguir viagem solicitando autorização para caçar a outros fazendeiros da região. Só vou a visar o compadre que ficou na Kombi e já vamos embora.

O fazendeiro, que depois souberam que não ouvia bem, ao ouvir a palavra compadre, confundiu com “padre” e falou o seguinte:

- Ah, o senhor está com um padre aí? Mas aí a coisa muda de figura! Pode chegar e chamar o padre que vou buscar minha esposa para recebê-los.

O italiano ficou meio sem jeito de desfazer o engano e enquanto o fazendeiro corria até em casa ele foi até a Kombi e relatou o fato ao missioneiro. O missioneiro, que trajava uma espécie de balandrau preto, fechou o botão da gola da camisa branca e disse:

- Deixa comigo que eu falarei com o fazendeiro.

Em seguida já vinham recebê-los o fazendeiro, sua esposa e dois filhos pequenos, todos fazendo questão de cumprimentar o “padre” que ali os visitava. Foram muito bem recebidos, o padre inclusive tendo direito a dormir em um quarto previamente preparado na sede da fazenda. Caçaram pela manhã e após frugal almoço no galpão junto da peonada, onde o padre abençoou a todos, descansaram um pouco e seguiram caçando à tarde. Campos maravilhosos povoados de perdizes, rapidamente abateram a cota da caçada sendo também premiados com alguns perdigões.

À noite, foram convidados a um jantar na sede da fazenda onde a esposa do fazendeiro havia se esmerado na refeição em homenagem à visita ilustre de um padre, fazendo questão de mostrar sua coleção de imagens sacras e quadros de santos. Antes da refeição, o padre fez uma breve oração e em seguida se puseram a experimentar o cardápio especial. Após “comer como um padre” e seu amigo idem, o padre ainda teve tempo de abençoar a família antes de dormir em alvos lençóis e grossos cobertores para espantar o frio do inverno gaúcho.

No dia seguinte despediram-se de todos, não sem antes um belo café da manhã e renovadas bênçãos à família do fazendeiro, tendo partido com a certeza de que se quisessem ali caçar novamente nem era necessário avisar... era só chegarem!

Muitos anos depois, a farsa veio à tona, mas essa já é uma nova história.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Por que caçar?

Com pesar recebi hoje a noticia de que o Ibama revogou a Instrução Normativa que autorizava o controle da população de javalis. Os pseudo-ambientalistas e eco-chatos devem estar dando pulos de alegria pois seus cérebros passionais só entendem um lado da moeda e vivem a fazer a mesma pergunta:
 
Por que caçar? 
 
A explicação para isso é biológica e começa lá atrás, nas cavernas. Há alguns milhares de anos o homem como criatura onívora necessitava complementar a sua dieta de frutos e sementes com proteína e por isso precisava caçar para sobrevier. A caça era difícil, pois ainda não tinham inteligência e habilidades suficientes para competir com o instinto dos animais. Conseguir carne fresca era um feito heróico, proporcionava respeito e era motivo de satisfação e alegria (prazer) para todos, pois significava alimento por vários dias. E assim nascia o gosto pelo ato de caçar.


Segundo a antropologia o ato de caçar para sobreviver também foi o ponto de partida para a socialização da raça humana. Acredita-se que as primeiras tentativas de comunicação tanto falada quanto escrita (na verdade desenhadas) entre humanos surgiram pela real necessidade de se organizarem em suas caçadas. A falta de armas efetivas obrigava os homens primitivos a usar a coletividade e desenvolver técnicas de cooperação para obter êxito em suas caçadas. Assim se reuniram os primeiros grupos ditos "organizados" e dessa união se originou a socialização humana surgindo a seguir a fala devido à necessidade de comunicação, a hierarquia devido à necessidade de organização e as leis e regras tão importantes para uma convivência pacifica.

Com o consumo regular de carne (proteína) aumentaram o tamanho do cérebro e ao longo dos tempos aprimoraram tanto da capacidade de raciocínio quanto da inteligência social de forma que logo o homem compensou a sua desvantagem física com a sua inteligência,... Dominou o fogo e desenvolveu ferramentas e instrumentos (armas) que o ajudaram a vencer até o maior dos mamutes. Evoluíram com o passar dos anos e continuarão evoluindo até se destruírem e começar tudo de novo.

Mas a questão ainda continua sem resposta, se hoje somos "civilizados", vivemos em sociedade e temos praticamente tudo para a nossa subsistência no mercado da esquina ... Por que então caçar?

A explicação agora fica a cargo do enigmático mundo da genética, sem entrar em detalhes científicos e apenas tratando superficialmente o assunto, até por que sou um caçador e não um cientista. Sendo assim, tentarei simplificar a explicação.

A transferência dos nossos pares de cromossomos caminha paralela a evolução humana. Assim, cada um de nos é parte de outro indivíduo de modo que todos nós carregamos traços genéticos dos nossos mais distantes antepassados. Essa carga tem sido repassada geração após geração através de milhares de anos, e isso explica por que até hoje, 85% da população do mundo ainda se sente atraída por algum tipo de atividade ao ar livre. Sentimo-nos atraídos pelos campos e florestas simplesmente porque essa é a nossa origem,... Ali foi onde tudo começou.

Essa atração varia de acordo com a carga genética individual e diferenciada de cada individuo. Alguns possuem pouca atração pela natureza, caça e atividades ao ar livre, pois a sua linhagem ancestral distante era composta de coletores ao invés de caçadores. Por isso escutam pouco o "chamado" da mãe natureza. Outros, porém, carregam uma carga forte, um instinto insaciável que muitas vezes tem que ser controlado de modo a evitar excessos. Objetos como facas e armas nos atraem porque são as nossas ferramentas. A voz da velha mãe natureza a esses chega com clareza. A atração que o mato exerce é irresistível e assim nos tornamos caçadores e pescadores de corpo, alma e coração. É importante que entendam que não caçamos porque queremos destruir a natureza ou por que somos pessoas ruins, ou de caráter duvidoso. Caçamos porque nascemos assim, porque somos assim, não somos pessoas más e insensíveis e não saímos por aí com uma espingarda na mão atirando em tudo que se move. Somos homens de espírito forte e instinto diferenciado, não somos bandidos nem assassinos sanguinários e antes de sermos caçadores nós somos amantes da natureza. Indo mais longe, afirmo que somos nós os verdadeiros ecologistas, isso mesmo "ecologistas" não há hipocrisia nessas palavras, pois nós caçadores conscientes, hoje somos os que mais se preocupam com a preservação da natureza nesse planeta.

E para despejar um balde de água fria nos pseudo-ambientalistas e eco-chatos citados anteriormente, apesar da nova norma, o Ibama segue considerando o javali uma espécie invasora e nociva para as espécies nativas, os seres humanos e o meio ambiente e por isso mantém a autorização para caçar estes animais em caso de emergência ou de forma circunstancial, para preservar as colheitas. A nova instrução também prevê criar um grupo de trabalho que deverá definir propostas alternativas que permitam melhorar a eficácia do controle e minimizar o impacto destes animais.

(Obs.: o texto "Por que caçar" é de autoria de um amigo grande incentivador da caça legalizada).

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Caça e gastromonia II

No post anterior, algumas pessoas procuraram (em vão) por alguma receita de caça. Sentindo-me em débito com essas pessoas vou tentar reproduzir uma receita, mas não sem antes contar uma historinha.

Há aproximadamente um mês atrás, depois de um longo tempo de espera e planos consegui marcar e ir a uma caçada de perdizes. Infelizmente a caçada não ocorreu no meu querido Rio Grande do Sul como antigamente, mas no Uruguai. Este pequeno país, que o Brasil já quis anexar, sabe acolher bem os turistas que ali chegam e recebe de braços abertos tanto os dólares quanto os reais ali deixados por uma grande massa humana que invade os free-shops. Com grande perspicácia, aproveita também para abocanhar a fatia antes destinada ao Ibama quando com nossas taxas financiávamos pesquisas sobre a fauna. Além das taxas, alguns caçadores mais abastados também injetavam valores na economia das cidades onde a temporada estava aberta, ao instalarem-se em hotéis, freqüentarem restaurantes e inclusive arrendando banhados. Hoje continuam a fazer isso, mas aonde? No Uruguai!
Mas vamos à história... Como já disse, a caçada ocorreu no Uruguai próximo a um local chamado Masoller. Não houve necessidade de levar armas ou cachorros, pois tínhamos isso à disposição na fazenda. Levamos somente o material de acampamento.
Em acampamentos de caça, um dos pontos de honra é que as refeições devem ser a base das peças abatidas pelos caçadores. E como não é permitido trazer ao Brasil as perdizes por nós caçadas, tivemos lautas refeições nessa caçada. Os jantares foram o ponto alto da caçada onde nosso cozinheiro esmerou-se no cardápio. Entre as perdizes preparadas de várias formas possíveis, destaco uma que ficou deveras deliciosa. Para que a receita fique melhor ainda, precisamos de um conjunto de fatores que irei listar.

1° - Fogo de chão coberto por precária lona para proteger da incessante chuva.
2° - Trempe ou grelha sobre o fogo, onde irão ficar as panelas.
3° - Fogareiro para ajustar o cozimento.
4º - Cozinheiro eficaz, em nível etílico correto.
5° - Temperatura beirando zero grau.

Receita: Macarrão caseiro e Perdizes com Nata (creme de leite fresco)
Serve seis pessoas

Ingredientes:

8 perdizes abatidas no dia
500 ml de nata
1 Kg de macarrão caseiro
Cebola
Alho
Sálvia
Vinho branco de qualidade
Queijo ralado
Óleo de milho
Sal
Salame
Queijo aperitivo

Modo de preparo:

1° - Saia a campo com perdigueiro e arma do calibre de sua preferência.

2 ° - Após o cachorro “amarrar”, prepare-se para abater a perdiz quando ela alçar vôo.

3° - Ao abater a perdiz, espere o cachorro trazê-la e aproveite para fazer um favor ao cozinheiro: já vá depenando-a. Lembre-se de que elas serão apreciadas no mesmo dia e como não iremos transportá-las, pode depenar sem medo.
Importante: o grande responsável pelo sabor apurado das perdizes é o interior das mesmas. Portanto não retire as entranhas após abatê-las, pois ao serem rompidas pelo chumbo elas irão temperar as peças, preparando-as para o banquete.

4° - Após recolher o número necessário de perdizes, volte ao acampamento e aí sim pode limpá-la.

5° - Abra uma garrafa de vinho uruguaio, de preferência um Tannat que faz bem à saúde. Na falta desse, vá de Cabernet Sauvignon. Sirva em copo apropriado ou se for um acampamento campeiro mesmo, sirva na caneca de alumínio. Dê um grande gole, aprecie o gosto, beba o resto e torne a encher o copo.

6° - Lave bem as perdizes e corte-as como preferir. Reserve os miúdos

7° - Salgue as perdizes e tempere-as com a sálvia e deixe marinando no vinho branco.

8° - Se o vinho acabou, repita o passo 5. Depois corte o salame e o queijo e sirva aos comensais.

9° - Coloque sobre a trempe uma panela grande com água e espere ferver.

10° - Após ter apreciado o vinho e contado a todos as histórias da atirada do dia (aquele tiro fácil que errou, o difícil que acertou, o zorrilho que mijou no cachorro estragando o faro, a lebre que correu muito senão o cardápio seria outro), refogue as perdizes com a sálvia em uma panela grande juntamente com o alho, a cebola e os miúdos. Use para isso o fogareiro, pois é mais fácil controlar a temperatura. Acrescente um pouco de vinho branco à panela e vá mexendo sempre.

11° - Como o fogo de chão deve estar forte (apesar da chuva), a panela com água não demora muito a ferver. Quando estiver fervendo, acrescente um fio de óleo na água e coloque o macarrão para cozinhar. Vá verificando o macarrão e quando estiver “al dente”, escorra-o e coloque em uma travessa. Se não tiver escorredor de massas, pode usar a grade do alto-falante da camionete.

12° - Junte a nata à panela das perdizes e mexa bem para misturar e encorpar o molho. Após isso, retire as perdizes de forma que fiquem bem embebidas no molho e coloque em uma travessa.

13º - Despeje o restante do molho das perdizes sobre o macarrão, cubra com queijo ralado, abra mais uma garrafa de vinho e aproveite!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Caça e gastronomia

O mês de agosto me traz muitas lembranças de infância. É o mês de volta às aulas após as férias de inverno, a temporada de caça de campo estava encerrada e sobravam somente as lembranças das excursões venatórias à fronteira e muitas histórias para contar.
Também é o período em que começavam os encontros gastronômicos onde saboreava-se os suculentos pratos de massas e perdizes abatidas na temporada. Naquela época a simplicidade na confecção dos pratos era a regra, além das reuniões acontecerem em ambientes tipicamente masculinos. No máximo, aceitava-se a presença da esposa do anfitrião que na maioria das vezes ficava relegada à ajudante do mais habilidoso cozinheiro da turma.
Porém o mundo da gastronomia é muito vasto e um prato simples pode se tornar requintado e por vezes mais saboroso quando preparado por quem sabe.
Em São Paulo,  um cozinheiro conhecido mundialmente divulgou certa vez uma receita de perdiz desossada que me deixou com  muita vontade de experimentá-la. Esse cozinheiro não tem falsos pudores em se declarar caçador, pescador e descendente de família de caçadores. Certa vez, em uma entrevista concedida à Agência Estado, ao ser perguntado sobre o que ele responde às pessoas que o criticam por causa da caça, ele disse:
- Existe uma tolerância a algumas coisas e uma intolerância a outras. A caça é uma coisa muito polêmica, que envolve uma morte e uma arma. E o peixe morrendo, por exemplo, não envolve nada disso. Mas os dois envolvem uma morte. Não estou partindo em defesa da caça, mas existem atrocidades claras que nós fazemos ao meio ambiente, seja caçando ou comprando leite de soja para nossos filhos - mesmo sabendo que apesar daquilo fazer muito bem para eles, está custando a vida de um milhão de animais. As minhas crises de consciência não ficam apenas no fato de eu caçar.
Estou falando de Alex Atala e quem quiser saber mais sobre esse cozinheiro famoso que tem por hobby o tiro ao prato e caça na África, Canadá e Argentina (http://revistatrip.uol.com.br/143/negras/06.htm).

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O blog Hunting e a caça

Na "caça à informação" e já para gerar polêmica, vamos a um assunto que tem a ver com o título do blog: a caça.
Eu poderia facilmente discorrer sobre esse assunto por muitos e muitos posts (ainda farei isso!) mas para começar deixo aqui um link que trata do assunto caça visto por outros olhos, belíssimos olhos por sinal.
A bela Maitê Proença, quando militava no programa Saia Justa da GNT abordou esse assunto em meio a discussão sobre o macho moderno. Veja o que ela diz (http://www.maite.com.br/loader.php?area=6) e aprecie!

Busca por informação

Já me deparei algumas vezes com o termo "caçar" sendo utilizados de várias formas.
Por exemplo:
- vou à caça de informações
- iremos à caça dos problemas
Como acima citado, está sendo usado como forma de buscar algo. Assim sendo, vamos usar o blog para a busca incessante de informações em todos os segmentos.
Foi dado o pontapé inicial...